Há alguns anos, era comum ver filas a espera de uma chance
de matar aquela saudade, saber das últimas notícias. A privacidade não existia.
As pessoas ali expunham suas preocupações, amores, desilusões e até tinham
ataques de fúria. Poucos se importavam com a demora, afinal, tinha chegado sua
vez. A cobrança das ligações era feita por pulso e não por minuto.
O pagamento era feito com indiscretas e pesadas fichas de
metal, que ao “caírem”, identificavam imediatamente, para quem estava do outro
lado da linha, se tratar de um telefone público. O uso de cartões por minuto
parecia, então, uma grande evolução. Algumas cidades aproveitavam as peças para
caracterizar a cultura local, como orelhões em forma de coco, encontrados em
Salvador (BA), ou peças gigantes, vistas em Itu (SP).
Mesmo com a facilidade em se adquirir um telefone fixo ou um
celular, os telefones públicos, conhecidos como orelhões, ainda são usados. E,
se no passado, havia reclamações da falta de cuidado com as peças, hoje a
situação não mudou.
Em Santa Quitéria muitos orelhões ainda funcionam. Alguns
têm atenção especial de comerciantes que dividem o espaço com aqueles já
esquecidos telefones. São quase unânimes os telefones que se perdem em meio a
tantas propagandas, as mais comuns são de mototáxi . Alguns aparelhos já estão
descuidados e velhos. Eles apresentam os sinais do tempo: ferrugem, números
apagados, som baixo e sujeira, muita sujeira.
De fato é que poucos usuários sabem que os "orelhões" para não
desaparecerem de vez, fazem ligações locais para fixos sem nenhum custo.A
gratuidade das ligações foi determinada pela Anatel porque a empresa de
telefonia não cumpriu a meta de densidade, que deve ser de quatro orelhões para
cada grupo de 1 mil habitantes por município
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